Memórias Atlânticas
A história da medicina no Brasil colonial apresenta uma profusão de registros paralelos, quase nunca contados nas escolas médicas.
Durante sua pesquisa sobre o primeiro tratado médico escrito para o território brasileiro, Gabaskallás, também formada em medicina, teve acesso a documentos antigos, teses universitárias, bem como a livros de historiadores dedicados a esses registros.
"Um jardim de longa duração" e "A floresta dos remédios" retratam a Mata Atlântica brasileira, com as plantas, raízes e frutos que deram origem à farmacopeia nativa original, proposta para o tratamento de doenças tropicais relatadas pelos colonizadores.
Em seu ateliê, Gabaskallás pinta telas de grande porte. Seu vocabulário visual, que transita entre a abstração e a figuração, é caracterizado por imensa potência visual e uma forte narrativa conceitual.
Usando pinceladas sobrepostas ou camadas espessas de tinta, a superfície da tela se torna um emaranhado de diferentes ângulos e profundidades que capturam a complexidade da floresta.
Esta, ela imagina, foi a primeira paisagem avistada pelos navegadores que desembarcaram em solo brasileiro em 1500.
Muitos artistas alemães, holandeses e franceses tiveram a difícil tarefa de capturar essa exuberante luminosidade tropical com suas paletas de cores europeias.
Para Gabaskallás, o papel da pintura como repositório histórico do tempo é inegável, como uma ponte desejável entre o passado e o futuro. Assim, ela propõe um novo registro dessas paisagens brasileiras, com as cores do século XXI.